Álcool, o teu olor vicia!
Qual mago de velhas crendices!
Qual profeta de patifarias!
Qual príncipe de qualquer vagabundo!
Que contigo se deita à beira da loucura e sensatez!
Sendo princípio, meio e fim,
Meio do meio de vida, dos poetas dos tabernosos!
Perfume de jasmim,
Com olor de cadáver!
Como perfume profético para as mais belas poesias d’amor!
Como elemento estético d’alquimia cerebral,
No momento do gozo sobre o papel!
E dum corpo carnal que lhe serve de empencílio,
Para atingir o transcendental!
Neste couro venal que não desgruda-te o umbigo!
E desde que a mãe tenha sido maternal,
Cérebro, cerebral, odor alegórico, teor profético!
Alucinação de gozo em versos,
Reverberação de anteversos,
Dentro das possibilidades,
Superando o incognocível,
Conjeturando sobre o inatingível!
Eduardo Gomes no Ice Sushi, madrugada alta, 01/04/2005
