Poesias

PAULO DE CARVALHO       Voltar   Imprimir   Enviar   Email

dos cânticos para minhas tantas mortes ( Paulo de Carvalho )

quantas mortes ainda precisarei viver?
 
quantas vidas precisarei sucumbir em vertiginosas ressureições para atingir o vazio eterno — a infinitude do nada, até que seja inexoravelmente expurgado da cantilena frívola; das ladainhas nauseabundas das falas; dos cânticos e das memórias dos hipócritas?
 
e toda a impavidez dos desertos — em sua vastidão; ouvirá o eco incomensurável das gárgulas pranteadoras dos miseráveis e se afogarão nas lágrimas das carpideiras venais órfãs de seus pios mantenedores ao purgar dos versos tolos das poéticas de seus aedos e suas métricas envoltas em estopas... embebidas formas.
 
estorvo será o epitáfio no frio dos mármores em perpetuada memória a verossimilhança das lápides e TREVAS será meu nome. e habitarei a cumeeira das eras e cume dos templos. e me deitarei indecente à tumba dos proscritos.
 
habitarei os mais profundos escuros onde sombras não sobrevivem e sombra serei ao chão dos excomungados do meio dia pelos sacramentos óbvios dos castos. anoitecerei as manhãs em mantos d’escuros. clamarão os sóis pelo azinhavre dos eclipses.
 
trevas será meu nome!
 
dos mais intangíveis escuros será minha carne
 
no tártaro do tártaro — lugar mais ínfimo - saberás de mim
 
e me ouvirão nas entrelinhas d’ausências
 
e me conhecerão nos hiatos opacos das falhas
 
trevas! Será meu nome
 
[paulo de carvalho]
 

Autor: Eduardo Gomes
Data: 14/11/2025

 

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