O perfeito é sempre idêntico e traz em si algo de desumano por não admitir diferenças. Se há humanidade, aí vivem os traços da bela e iluminada imperfeição.
Ninguém é santo; ninguém é anjo; ninguém é perfeito; ninguém é desprovido de defeitos ou máculas. Mas é na fascinante imperfeição que cada um se mostra e revela se traz em si alguma virtude.
O que realmente importa é o que cada um pensa e sabe sobre si mesmo. Por isso, não se deve perder tempo (algo tão precioso e que passa muito rapidamente) se defendendo ou tentando provar alguma coisa para agradar aos outros. Não queira existir sem erros. Cada um é o que é - alguém imperfeito tentando se aperfeiçoar e evoluir a cada passo, e superar seus defeitos -. Reconhecer a própria incapacidade é abrir-se para entender a do outro.
A imperfeição existe, unicamente, para provocar o ilusório desejo de se atingir alguma perfeição. Bani-la é destruir a expressão, suspender o esforço, paralisar a vitalidade.
Texto de Marcos Malfatti.
