Poesias

TEXTOS D TERCEIROS 03            

Nos Cumes do Pessimismo & Niilismo ( Desconhecido )

Do Alasca ao Limbo, Eu.

Tenho me sentido ausente. Como se eu me faltasse em mim.
Quando sinto que estou me faltando, corro ao banheiro e me encaro no espelho.
Mesmo enquanto meus olhos frios e distantes, como o Alasca, me encaram em uma expressão mista de indiferença e espanto,
eu sinto um leve conforto por perceber que ainda estou aqui. Eu ainda sou eu.
Mesmo que num vácuo insistente que, persistentemente, chamo de Existência.

Tenho me tornado um ser automático. Possuo respostas automáticas e ações automáticas.

Automaticamente, eu respondo que estou bem, estou legal, estou suave E também sorrio e afirmo com a cabeça, automaticamente.
Criei uma barreira intransponível que me mantém inerte, ainda que seguro.
Uma barreira sem cor, sem luz e sem vida.
Mas completamente isolada da proximidade de outros.

Em dias frios, eu sinto frio. Em dias quentes, calor.
Mas na maior parte dos dias, eu não sinto nada além do que os sentidos me oferecem.
Só quem já se sentiu sem sentimentos, indiferente, vazio, entende o peso disso.
Há dias que eu rogo por sentir dor ou tristeza, pois ela é mais legítima do que essa letargia.
Minha alma se transformou no Limbo das minhas emoções, onde ainda vagam poucas coisas,
apenas as perdidas e errantes, em penitência.

Existem momentos que eu consigo experienciar uma pequena gota de felicidade. E ela me atinge da melhor maneira.
Mas instantes após eu me questiono se eu realmente mereço essa emoção. E logo ela se esvai.
Noutros, surge a tristeza, que me leva a crises intensas. Ainda sem significado real.
Toda essa mudança se dá em questão de minutos.
Nada de surpreendente, como já era previsto.

Tenho sido julgado pelos meus atos. "Você flerta demais". "Você critica demais". "Você é demais".
Não nego nenhum deles, afinal, a minha busca por um resquício de vida em mim ainda é real.
Eu escavo em todas as minhas profundezas, tentando suprir a minha falta de oxigênio.
E, na melhor das hipóteses, meus flertes, críticas ou atos me rendem alguns instantes de mudança.
Muitas vezes queria explodir. Mas no fim, como todo introvertido, eu implodo.

Eu sou o Nada, o Tudo e o Fim. Aquele que em mim se vê, apenas resta uma condenação:
Delírios de glórias, de sonhos e de dores. Nada é objetivo e nisso eu me objetifico.
Nos meus melhores dias, eu ainda sou Sodoma e Gomorra. Bíblico, mitológico, errado
e destruído pela fúria do inexistente.

Nos Cumes do Pessimismo & Niilismo ( Desconhecido )

Autor: Eduardo Gomes
Data: 16/01/2020


 
 

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