Os dias de hoje pedem leitura aprofundada nas origens da intolerância.
O que te incomoda mais: ver um casal de homens gays se beijando ou par de homens se atracando em porrada no meio da rua? O que é de fato indecente?
O que te incomoda mais: ver uma negra que um dia foi empregada doméstica ser presidente da república ou ver um branco supremacista desmerecer essa ex-empregada doméstica que virou presidente da república? O que é de fato desumano?
Acreditem. Essas perguntas podem te surpreender se ouvir respostas de grupos extremistas e fanáticos que se assemelham ao Sapiens. Eu tenho dúvidas dessa semelhança e só os considero como da mesma raça porque somos uma soma de muitas diferenças e também de camadas de expansão da consciência e pensamento crítico, pilares que humanizam a nossa ética democrática cidadã. O mundo está muito perigoso e inquietante para os que caminham por essa trajetória, por sinal.
Em pleno século 20, milhões de judeus foram assassinados no holocausto simplesmente por serem judeus. As Cruzadas, a inquisição, os pogroms são lembranças que se reinventam com o antissemitismo recorrente hoje também visto como anti-sonismo e anti-israel. É fácil achar notícias do retorno da extrema direita atrelada ao fascismo, neonazismo e aos bons costumes religiosos. O comunismo por ser extremo também deixou seus deletérios tentáculos latentes Ou seja, a banalidade do mal não escolhe lado e a política quando ganha viés religioso então, nos leva a crer que a humanidade caminha para o ralo. O século 21 me assusta com as suas assombrações abissais.
Ao assistir Sefarad, lembrei das minhas raízes ibéricas judaicas e da nossa saga ancestral.
Ao assistir Sefarad, vi o quanto a luz pode incomodar a escuridão, me senti cutucada a refletir. Guardo em mim a minha ânima sefaradi.
Sefarad é um filme que traz a urgente necessidade de reparação. Assistam. Vale uma bela prosa depois de ir ao cinema e para trazer para o presente o que o passado não só revela como também delata as ameaças nos dias desafiadores de hoje.
O tratamento que estamos dando a nossa Natureza planetária traduz muito de como estamos nos tratando.

Autor: Eduardo Gomes
Data: 14/11/2019