Somos todos escravos dos nossos desejos... Acredite! Freud afirmava que as duas únicas coisas que movem a humanidade são o desejo e o medo... Quando percebemos que o medo nada mais é do que um desejo de autopreservação, sobra-nos apenas o desejo. Platão, em O Banquete, escreve que “amar é desejar” ... Portanto amamos o que desejamos e desejamos o que não temos. É impossível desejar por muito tempo algo que nos pertence... Nesse ponto entra o medo... Medo de perdermos o que nos pertence e precisarmos desejá-lo novamente... Tornamo-nos dessa espiral de desejo tal qual peças de xadrez em um jogo de controle e poder, onde a ignorância nos torna inaptos a deliberar com qualidade sobre a diferença entre desejo e necessidade. É nesse ponto que o sistema entra... O que antes considerávamos um desejo, depois de conquistado torna-se uma necessidade. O consumo desenfreado de produtos ou serviços da qual consideramos confortos, depois de conquistados, tornam-se necessidades. Assimilamos toda uma visão de mundo baseada em futilidades e na construção da identidade através do que possuímos... Mas, afinal, o que realmente nos pertence? O capitalismo mostra-se como um sistema de recompensas similar a Caixa de Skinner. Uma prisão de fato. Nossa necessidade de aceitação, sob uma ótica narcisista, que nos exclui a substância humana e abre precedentes a mecanização e artificialização da vida, nos fez sentir amor por nossas correntes... Os escravos do século XXI pagam, e caro, por suas próprias correntes. As temos hoje como "acessórios"... Nascemos e morremos para consumir...

Autor: Eduardo Gomes
Data: 10/10/2019