Ser crítico, criativo, amoroso e gentil é colocar o corpo em perigo porque ofende a inteligência do desinformado, que já experimenta o estresse na alma por transitar na caverna escura das próprias ideias e projeções fenomenológicas incongruentes.
O nível 'hard' agora é outro se o indivíduo quiser viver nesse laboratório social, essa sociedade patológica instrumentalizada e irascível.
Antes, um bom verniz resolvia o atrito natural das relações sociais, o diálogo fluía sem muito dispêndio de energia e as gradações e tons eram mais identificáveis, havia, portanto, uma tolerância razoável e uma compreensão, idem.
A maquiagem, agora, não convence mais. O momento exige, além de originalidade, carinho e respeito verdadeiro ao próximo, no tutano, na medula, na alma, enquanto o outro rosna, mostrando os caninos.
Quem tem essa competência, essa amizade ao saber?
Isto é, as novas gerações dão à luz muitas quimeras e para lutar nessa arena, temos que evoluir ao nível dos filósofos, porque só os filósofos saberão viver no oceano da dialética de abismos. De um lado, uma geração de pensadores e do outro, uma geração de zumbis.
Vivenciamos intensamente a alegoria da caverna e Platão nos observa, tenso, preocupado, visto que a tecnologia, democraticamente, catapulta, envolve e premia todos os lados, assim como o sol, mal ou bem comparando.
A refrega, antes que alguém se precipite, se dará no campo obscuro e largo da intimidade. Aliás, nunca foi em outro lugar e o que vemos do lado de fora é o espelho dessa caverna, onde vivemos precariamente, constrangidos por nossas escolhas.
Texto de Milton Filho...