Mal me tocas, minha carne se consome
destrançada nos teus dedos, e ai de mim!
eu deságuo liquefeito entre o teu nome
e o que some diante do que ainda não vi...
E disforme, vou sorvendo-me em mim mesmo,
e tuas mãos e minhas mãos, e os meus, teus beijos,
tudo perde-se e em tumulto esfaz-se; e eis-me
confundido entre o teu corpo e o teu desejo.
Quando enfim nos separamos já desfeitos,
um suspiro nos liberta e nos perfaz.
E entre o nada que nos resta de um final
descansamos simplesmente satisfeitos.
Nem mais nobres nem mais vis o amor nos faz:
todo amor, ó meu amor, é amoral.
Soneto de Brenno Kenji, 07/02/2002.