O que mais dói não é sofrer saudade
do amor querido que se encontra ausente ,
nem a lembrança que o coração sente
dos belos sonhos da primeira idade.
Não é também a dura crueldade
do falso amigo, quando engana a gente,
nem os martírios de uma dor latente,
quando a moléstia o nosso corpo invade.
O que mais dói e o peito nos oprime,
E nos revolta mais que o próprio crime,
não é perder da posição um grau.
É ver os votos de um país inteiro,
desde o praciano ao camponês roceiro,
pra eleger um presidente mau.
Soneto de Patativa do Assaré.