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Mauapuã Retorna de uma Caçada!

Pajé!!!

Conte-me como foi a caçada, Mauapuã!

Estávamos na beirada do riacho doce com os tacapes nas mãos!
Estávamos espreitando uma Anta para comê-la crua na mesma hora!
Nossa fome e cede de vísceras, carnes, miolos, sangues e os tutanos dos ossos eram viscerais!
Infelizmente a danada da Anda, de um salto pulou da beirada do riacho e fugiu nadando para o outro lado!

Continuando, seguindo pela floresta, na beirada do rio,
Famintos, sedentos e com muita fome, 4 sóis sem comer carne, só frutas,
Avistei ao longe, na outra margem do riacho, sinais de fumaça!
Chamei os 10 guerreiros, que estavam comigo, e atravessamos de mansinho o riacho, sem barulho,
Fui na frente e avistei três inimigos da tribo Yanowinhame!
Sentados, distraídos no meio da mata, ao redor de uma fogueira, assando um macaco prego! 

Voltei sorrateiramente para os nossos 10 caçadores e como líder do grupo, tracei a estratégia de caça!
Vamos pela mata, por todos os lados, os cercando, não deixando rota de fuga!
Quando estivermos todos próximos e em posição, lascaremos os tacapes em suas cabeças!

Após os golpes, beberemos imediatamente o sangue quente em adrenalina que escorre de suas cabeças!
Cortaremos os pescoços e vamos pegar o sangue que jorra com nossa cuias de cabaça para que possamos beber na mesma hora, vamos encher uma cabaça para o Pajé e outra para Iracema!
E foi assim que os matamos, a estratégia foi perfeita, pois as presas estavam fáceis!

Pegamos então nossas pedras lascadas e facas de pau d’arco e retalhamos todos os corpos, depois de extrair pelo pescoço, todo o sangue que havia!
Comemos, parcialmente, as três carcaças dilaceradas, ali mesmo, no local da caçada, sobre folhas de bananeiras e com bananas.
Que delícia, ainda batiam seus corações, quando os devoramos fresquinhos, sangrentos, com a carne musculosa, durinha.
Não devoramos toda a carne, do inimigo, para trazer estes pedaços de corpos para saciar a fome da tribo; carcaças e ossos com tutano.

Mas lá, perto da fogueira deles, devoramos parte de suas vísceras, os fígados estavam deliciosos, chupamos sangue e tutano dos ossos!
Abrimos ainda mais as suas cabeças, com os nossos tacapes, para ver o que encontrávamos e nos deparamos com os seus deliciosos miolos cheirando à cérebro de inimigo em adrenalina e estresse; devoramo-os sobre folhas de bananeira amassados com bananas, bebemos água do riacho doce!

E lhes trouxemos estes pedaços de carne, ossos, carcaça, vísceras, essas cabaças de sangue e esses três cachos de bananas que colhemos pela trilha, para saciar a vossa fome caro Pajé e matar a fome de nossas mulheres e crianças, numa sopa com verduras.

Desculpe-nos Pajé, mas não resistimos ao desejo de devorar grande parte de toda aquela carne, sangrenta, tenra, saborosa e gostosa, com o gosto da vitória, com o gosto de uma caçada bem sucedida!

Desculpe-nos, por ter devorado os três cérebros e não termos trazido esta iguaria para o senhor, mas é que a carne dos inimigos, principalmente os Yanowinhame é muito mais gostosa do que a carne de qualquer outro animal, qual a Anta que caçávamos!

Amanhã, logo cedo, vou reunir os homens, para que saiamos, cacemos e devoremos novos inimigos pois a nossa sede de sangue e fome de seus corpos é insaciável!

Mauapuã!!!                     
     
Sim, Pajé!

Fume este cigarro da paz, descanse um pouco, aqui na minha Oca, tome um pouco desta bebida de ervas com goma mascada de mandioca!

Mais tarde, já pela beirada da noite, quando o sol baixar, pegue Iracema e Uiara e vá para a sua Oca passar uma tão merecida noite de amor!

Depois de uma caçada dessa é o que você mais merece e que os deuses iluminem os seus caminhos, para que você continue sempre um Az nas caçadas, matando animais e inimigos, para que possamos matar a fome de nossa tribo Ijapaú.

Pajé, muito obrigado por me oferecer suas duas mais lindas filhas, eu vou aceitar e vou as fazer muito felizes, nesta noite de amor!

Sua benção, Pajé?

Que o Deus Sol te abençoe e proteja, Mauapuã!!!

 

Autor: Eduardo Gomes
Data: 21/04/2005


 
 

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