Só
Só vivo na natureza viva.
Só morro na tua tristeza morta.
Só privo dos inocentes a mentira.
Só conto dos descendentes a verdade.
Só calo nos verbos raquíticos.
Só quero de ti lealdade.
Só falo dos amores, que vivo.
Só ralo o limão da maldade.
Só ativo a aridez do espírito.
Porquê não privo; é cruel a verdade.
Só revivo a nudez do teu corpo.
Porquê não privo do meu corpo o teu vício.
Só cativo dos amigos; a amizade.
Porquê não traio aos corações que conquisto.
Só vivo, não sei porquê, mas eu vivo?
Autor: Eduardo Gomes Data: 19/03/2001
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