Ócio
No ócio estou entregue às traças.
As traças não traçam o ócio.
O ócio a mim traça.
Nada traça as traças.
O ópio é um dilúvio de ilusões.
As ilusões são o ópio do povo.
O povo não é um octopus.
O pus é o nosso porvir.
O porvir não é o que virá?
O que virá, já não é o que passou.
O que passou, já não tem mais sentido.
O sentido também é uma ilusão.
A ilusão é o reflexo de um desejo.
O desejo é o teu corpo para mim.
Autor: Eduardo Gomes Data: 11/05/2001
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