Ai, centro do universo! Porque partiste?

Copérnico seu miserável! E a nossa especial condição?

Ai, nave mãe, porque não és mais o meio,

Se, és nosso meio de meio de vida?...

Ai, homem, ser superior! Porque animalizaste-nos?

Darwin, seu filho da puta,

Porque nos tirou a batuta,

Se, somos o animal mais pensante!

Ai mente humana! Porque não coexistes ao espírito?

Freud seu detestável,

Porque tornou-nos não mais do que carne miserável,

Que morta, apodrece em carniça?

Ai, neurocientistas! Porque bestializastes por demais nossa existência?

Se não somos tabula rasa,

Se não existem bons selvagens,

Se não existem fantasmas na máquina,

Que somos então?

Meros objetos dos processos eletroquímicos cerebrais que se quer controlamos?   

Ai, jovem poeta! Porque prevaricastes,

Comendo por labuta,

As “cetas” das moças putas,

Os sangues das moças virgens?

Ai, dromedário errante! Porque calçastes,

Sandálias, nos desertos onde a sabedoria é como água corrente,

Só encontrada nos raríssimos oásis,

Anfiteatros da solidão pensante e humana??? 

Autor: Eduardo Gomes
Data: 09/03/2003