Respeito e Medo, duas arquiteturas da relação humana: ( Oliver Harden )
O ser humano digno, aquele que deseja inscrever sua passagem no mundo com a marca da autenticidade, sabe que diante dele se apresentam apenas duas possibilidades de vínculo com o semelhante, a via do respeito ou a via do medo. Ambas constroem uma relação, mas em naturezas diametralmente opostas, como colunas que sustentam edifícios de matérias diferentes, um feito de mármore eterno, o outro de madeira apodrecida pelo tempo.
O respeito como eternidade...
O respeito nasce da compreensão da dignidade alheia, é a reverência ao mistério que cada ser humano carrega em sua singularidade. Não se impõe pela força, mas se conquista pela inteireza da conduta, pela coerência silenciosa que dispensa artifícios. Quem conquista o respeito funda sua memória naquilo que não morre, pois o respeito, diferentemente da admiração efêmera ou do medo circunstancial, é um pacto espiritual entre consciências. É, portanto, um legado que atravessa a vida e continua mesmo após a morte, como perfume que permanece na ausência da flor.
O medo como ilusão temporária...
O medo, ao contrário, é uma sombra projetada pelo poder. Ele não exige virtude, apenas ocasião. Enquanto dura a força, dura também o tremor que paralisa, o silêncio que obedece, a servidão que se curva. Mas o medo é sempre um empréstimo, nunca propriedade definitiva. Assim que o poder se dissolve, seja por fraqueza, seja pela passagem inevitável do tempo, o temor se converte em repúdio. Não em ódio, pois o ódio ainda reconhece no outro uma força contra a qual se debate, mas em repúdio, que é o desprezo absoluto, a recusa em se lembrar sem amargura daquele que antes parecia invencível.
A escolha ética da dignidade...
O humano digno, portanto, não se contenta em dominar pelo medo, porque sabe que ali há apenas aparência, não essência. É a mesma diferença entre esculpir na pedra e escrever na areia, o vento das circunstâncias basta para apagar aquilo que parecia grandioso. Já o respeito, esse é gravado na rocha do espírito, intocado pelas tempestades do tempo.
Assim, aquele que deseja realmente existir, e não apenas impor sua presença, deve escolher o respeito como fundamento de suas relações. Pois o medo é sempre o prenúncio da queda, enquanto o respeito é o único tijolo capaz de construir uma morada eterna na memória dos homens.
Autor: Eduardo Gomes Data: 23/08/2025
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