Janis, Hendrix... ( José Barreto De Jesus )
No canto rasgado de Joplin me vem a lembrança da Casa do Sol, na aldeia de Arembepe, verão 1970, onde ela dormiu umas noites, meses antes de morrer por drogas assassinada.
O andar sem destino, não ter morada, zero de grana no bolso, sem documentos, sem ganhos ou posses ou amarras... porque nascemos para ser livres cidadãos do mundo, nos deslimites, sem demandas, comandos, mitos, religiões, guerras, poderes... Nada!
- Paz & amor, bicho! Guitarras, blues, erva boa, cabelos ao vento, sonhos de mar, a mirar estrelas, navegando brancas nuvens. O livre amar.
Tempos de revolução ou desbunde, contracultura e luta armada, engajados, caretas e alienados... Sexo, bola, militâncias. A liberdade e seus significados, os vários - e por vezes conflitantes - caminhos de transformações e lutas.
Milicos e festivais, Mao, Che, Terra em Transe, maio 68, Vietnã, minissaias, passeatas, repressão, tropicália, medo, ousadias. Proibido proibir! Sem tempo de temer a morte.
Tudo o que fomos e vivemos um dia deixa rastros na alma, cicatrizes no corpo, fados.
Cultivo barba, vivo despojamentos, sonho fraternidade, ouso ternuras, penso num mundo sem mandos, armas, fronteiras; só a ginga como defesa, a música irmanando os entes, o absoluto respeito pela natureza, o riso como linguagem, afagos.
Um Woodstock que nunca acabasse. Ah, a velhice dos meus 20 anos!
A pele ainda arde quando ouço Janis, Hendrix... Como se fosse amanhã.
Me pego pensando e revendo mundos pelo avesso.
Que os céus me ouçam e o sem fim azul nos acolha.
Caso mereçamos.
Autor: Eduardo Gomes Data: 14/08/2025
|