Poesias

OLIVER HARDEN       Voltar   Imprimir   Enviar   Email

A Anatomia das Palavras ( Oliver Harden )

Palavras com arestas ferem,
como punhais insinuados na carne do silêncio.
Há nelas uma lâmina sutil,
uma precisão cirúrgica que rasga sem aviso,
e sangra sem remédio.
As que repousam ao canto da boca,
sussurradas como brisa entre amantes adormecidos,
podem acalentar ou afogar,
porque até o afago, quando falso, termina em pranto.
Há palavras viscosas, como o lodo,
que não apenas sujam,
mas aderem à alma pelo flanco e pelo fundo,
corrompendo a inteireza com sua obscura persistência.
As palavras do amor, outrora plenas de lume,
tornam-se espectros do que foram,
ecoando ausências,
dançando entre promessas vencidas,
e beijos que já não sabem de onde vieram.
Vorazes,
certas palavras devoram os lábios que as proferem,
e em bocas contumazes,
elas desfiguram tanto a face,
quanto os impasses que a engendraram.
São complexas,
essas palavras que se infiltram,
como ervas daninhas no solo das certezas,
minando as convicções mais pétreas,
com o orvalho dúbio da dúvida.
Vêm e vão,
como marés caprichosas,
e no refluxo do temperamento,
transformam-se em palavrões,
ecoando destempero no discurso truncado da razão.
Para alguns, são ferramentas,
para outros, armadilhas.
Para o mudo, são metáforas de um reino inacessível,
mas até mesmo os silentes,
habitam a linguagem imaginária,
onde todos, afinal, são falantes,
com a mesma exatidão da incompreensão.
Porque a palavra,
antes de ser voz,
é enigma,
e toda tentativa de dizê-la plenamente,
é já um convite à falha,
um pacto com o abismo entre o que se sente,
e o que se consegue dizer.
Oliver HardenA Anatomia das Palavras
Palavras com arestas ferem,
como punhais insinuados na carne do silêncio.
Há nelas uma lâmina sutil,
uma precisão cirúrgica que rasga sem aviso,
e sangra sem remédio.
As que repousam ao canto da boca,
sussurradas como brisa entre amantes adormecidos,
podem acalentar ou afogar,
porque até o afago, quando falso, termina em pranto.
Há palavras viscosas, como o lodo,
que não apenas sujam,
mas aderem à alma pelo flanco e pelo fundo,
corrompendo a inteireza com sua obscura persistência.
As palavras do amor, outrora plenas de lume,
tornam-se espectros do que foram,
ecoando ausências,
dançando entre promessas vencidas,
e beijos que já não sabem de onde vieram.
Vorazes,
certas palavras devoram os lábios que as proferem,
e em bocas contumazes,
elas desfiguram tanto a face,
quanto os impasses que a engendraram.
São complexas,
essas palavras que se infiltram,
como ervas daninhas no solo das certezas,
minando as convicções mais pétreas,
com o orvalho dúbio da dúvida.
Vêm e vão,
como marés caprichosas,
e no refluxo do temperamento,
transformam-se em palavrões,
ecoando destempero no discurso truncado da razão.
Para alguns, são ferramentas,
para outros, armadilhas.
Para o mudo, são metáforas de um reino inacessível,
mas até mesmo os silentes,
habitam a linguagem imaginária,
onde todos, afinal, são falantes,
com a mesma exatidão da incompreensão.
Porque a palavra,
antes de ser voz,
é enigma,
e toda tentativa de dizê-la plenamente,
é já um convite à falha,
um pacto com o abismo entre o que se sente,
e o que se consegue dizer.
Oliver Harden

Autor: Eduardo Gomes
Data: 04/07/2025

 

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