Poesias

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A Alegoria da Caverna ( Platão )

DEIXA-ME TE DIZER O QUE PENSO.
Imagine que a sua vida não seja mais do que uma ilusão. Que tudo o que vê não seja, na verdade, real. Muito antes de *Matrix*, já existia Platão.
Este querido filósofo antigo (século V a.C.), com a sua barba farta e aluno de Sócrates, deixou-nos uma alegoria para nos fazer refletir sobre a natureza da realidade.
Numa caverna subterrânea, prisioneiros estão acorrentados desde o nascimento. O seu único entretenimento? Sombras projetadas numa parede. Não é nada louco, portanto, mas eles não o sabem, pois, evidentemente, tomam essas sombras pela realidade absoluta. Um pouco como nós, quando consideramos o nosso feed de notícias como o reflexo fiel do mundo. A diferença? O mundo deles é ainda mais restrito: sem histórias efémeras, sem tweets inflamados, apenas uma coreografia de sombras numa parede de pedra.
Mas um dia, um deles consegue escapar e sai da caverna. Ofuscado pela luz do dia, descobre que o mundo é infinitamente mais vasto, belo e complexo do que imaginava. É como perceber que a Terra é redonda, enquanto se acreditava que era plana, mas de forma muito mais vertiginosa.
O nosso herói, embriagado pela sua descoberta, volta à caverna para partilhar esta revelação. Mas, ó surpresa! Os seus antigos companheiros tomam-no por um iluminado. "Volta para as tuas sombras, visionário!" dizem-lhe. Vê-se que, mesmo na Antiguidade, os portadores da verdade já não tinham a tarefa fácil...
Esta fábula, por mais fantasiosa que seja, levanta questões fundamentais. O que é a realidade? Como sabemos o que sabemos? E, sobretudo, seremos todos, de certa forma, prisioneiros da nossa própria caverna mental e das sombras que nos projetam?
Platão convida-nos a um exercício vertiginoso: e se tudo o que consideramos garantido não fosse mais do que ilusão? E se o verdadeiro conhecimento exigisse de nós que quebrássemos as nossas correntes conceptuais, que saíssemos da nossa zona de conforto intelectual (e das nossas telas)?
Num mundo onde nos gabaritamos com informações de todo o tipo, onde acreditamos saber tudo com um clique, o mito da caverna lembra-nos que a verdadeira sabedoria começa, talvez, por um elegante "Não sei".
Mas a alegoria de Platão não se limita a questionar a nossa percepção da realidade. Ela também nos convida a refletir sobre a nossa responsabilidade uma vez que "vimos a luz". Como o prisioneiro libertado que retorna à caverna, teremos o dever de partilhar o nosso conhecimento, mesmo que isso incomode ou desestabilize? Platão sugere que a busca pela verdade não é apenas uma aventura pessoal, mas também um compromisso com os outros e a sociedade. É um apelo à ação, à educação e à coragem intelectual face à ignorância e ao conforto das ilusões partilhadas.
Evidentemente, outros pensadores não estarão totalmente de acordo com Platão.
 
A Alegoria da Caverna ( Platão ) 

Autor: Eduardo Gomes
Data: 17/12/2024

 

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