Tendo uma boa morte ou suicidando-se:
Uma dose de Cachaça, Eduardo:
Meu corpo pesa, meu peito arranha.
Minha alma devassa, a vidraça espanta.
Não sinto frio, não sinto calor.
Não sei o que sinto, mas sinto que não estou...
Não estou aqui, minha cabeça arranha.
Não estarei ali, não estaremos lá.
Tenho medo, não sei medo do quê.
Tenho pavor, sou frágil...
Sinto horror, estou prezo nos meus mais íntimos pensamentos.
Tenho pressa, sinto preguiça, quero cachaça.
Tive tempo e o tempo é o que nos resta.
Tenho sede, não é de água, não é de vinho, não sei do quê.
A fome é o que me resta.
A gula toma conta do meu ser.
A banha já reprovou o meu corpo.
Como fugir? Preciso fugir!...
Como sumir, sem me encontrar?
Não quero me encontrar por aqui!
Preciso de tempo para pensar!
Não paro para esperar sem sentir, sem perceber,
sem me tocar profundo, profundo, profundo...
Eis o meu jeito! Assim encaro as feridas de minh’alma.
Eis o meu semblante,
no espelho ainda percebo espinhas em meu espírito.
Não tenho mais ilusões!
Não restaram sonhos! Estes foram demolidos pelo tempo!
Teu carinho é o que me resta.
Teu corpo curvilíneo é o meu templo.
Preciso orar em ti!
Preciso receber de ti os louros da paixão.
Quero te tocar para sempre.
Quero te encravar como tridente, nos músculos do meu coração!!!...
Uma dose de Religião:
Cordeiro de Deus,
Tu que tirastes o Pecado do Mundo,
Tende piedade de Nós!!!
Cordeiro de Deus,
Tu que tirastes o Pecado do Mundo,
Trazei-nos a Paz!!! (Bis)
Uma dose de Quo Vadis:
Ooh oh lambam flames!
Ooh oh force divine!
Oh onívorus powers hell...
Why so live in pain??? (Bis)
Uma dose de Cartola:
Ainda é cedo, amor
Mal começaste a conhecer a vida
Já anuncias a hora de partida
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar
Presta atenção, querida
Embora eu saiba que estás resolvida
Em cada esquina cai um pouco tua vida
Em pouco tempo não serás mais o que és
Ouça-me bem, amor
Preste atenção, o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos, tão mesquinho
Vai reduzir as ilusões a pó
Preste atenção, querida
De cada amor, tu herdarás só o cinismo
Quando notares, estás à beira do abismo
Abismo que cavaste com teus pés
Ainda é cedo, amor
Mal começaste a conhecer a vida
Já anuncias a hora de partida
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar
Preste atenção, querida
Embora eu saiba que estás resolvida
Em cada esquina cai um pouco a tua vida
Em pouco tempo não serás mais o que és
Ouça-me bem, amor
Preste atenção, o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos, tão mesquinho
Vai reduzir as ilusões a pó
Presta atenção, querida
De cada amor, tu herdarás só o cinismo
Quando notares, estás à beira do abismo
Abismo que cavaste com teus pés
Uma dose de Mozart:
Repouso eterno dá-lhes, Senhor,
e que a luz perpétua os ilumine.
Tu és digno de hinos, ó Deus, em Sião,
e a ti rendemos homenagens em Jerusalém:
Ouve a minha oração,
diante de Ti toda carne comparecerá.
Repouso eterno dá-lhes, Senhor,
E que a luz perpétua os ilumine.
Senhor, tende piedade.
Cristo, tende piedade.
Senhor, tende piedade.
Dias de ira, nestes dias,
dissolverão os séculos em cinzas
assim testificam Davi e Sibila.
Quanto temor haverá então,
Quando o Juiz vier,
Para julgar com rigor todas as coisas!
A trombeta miraculosa espalha seu som
pela região dos sepulcros,
para juntar a todos diante do trono.
A morte e a natureza se espantarão
com as criaturas que ressurgem,
para responderem ao juízo.
Um livro será trazido,
no qual tudo está contido,
pelo qual o mundo será julgado.
Logo que o juiz se sente,
tudo o que está oculto, aparecerá:
nada ficará impune.
O que eu, miserável, poderei dizer?
A que patrono recorrerei,
quando apenas o justo estará seguro?
Ó Rei, de tremenda majestade,
que salvando, salva grátis,
salva-me, ó fonte de piedade!
Lembra-te, ó Jesus piedoso,
que fui a causa de tua peregrinação,
não me percas naquele dia.
Procurando-me, ficaste exausto
redimiste-me morrendo na cruz
que tanto trabalho não seja em vão.
Juiz de justo castigo
dá-me o dom da remissão
diante do dia da razão.
Choro e gemo como um réu,
a culpa enrubesce meu semblante.
A este suplicante poupai, ó Deus.
Tu, que absolveste Maria
e ao ladrão ouviste
a mim também deste esperança.
Minhas preces não são dignas
Sê bondoso e tende misericórdia,
que eu não queime no fogo eterno.
Dai-me lugar entre as tuas ovelhas
e afastai-me dos bodes,
que eu me sente à tua direita.
Condenados os malditos
e lançados às chamas devoradoras,
chama-me junto aos benditos
Oro, suplicante e prostrado,
o coração contrito, quase em cinzas
toma conta do meu fim.
Dias de lágrimas, naqueles dias,
No qual, ressurgirá das cinzas,
Um homem para ser julgado;
Portanto, poupe-o, ó Deus.
Ó, misericordioso, Senhor Jesus,
Repouso eterno dá-lhes.
Amém.
Confutactis, maledictes,
Maledictes, acribus, adictes...
Maledictes, acribus, adictes...
Uma dose de Puccini:
E lucevan le stelle
Ed olezzava la terra
Stridea l'uscio dell'orto
E un passo sfiorava la rena
Entrava ella, fragrante
Mi cadea fra le braccia
Oh! dolci baci, o languide carezze
Mentr'io fremente le belle forme disciogliea dai veli!
Svanì per sempre il sogno mio d'amore...
L'ora è fuggita e muoio disperato!
E non ho amato mai tanto la vita!
Uma dose de Eduardo:
Meu Réquiem!!!
Selem minha cripta,
N’argamassa pura!
Velem minha lisura,
Nu’a cerimônia atípica!
Lágrimas d’eternas,
Nos peitos d’amarguras,
Ferem ad candura,
Nossas almas fraternas...
Cantem-me o réquiem de Mozart,
E o prelúdio de La Traviata...
Nu’a voz doce, doce de mulher, Tereza Stratas.
Celebrem minha morte, um brindice,
Num porto rubro, rubro d’amor,
Que sentirei vosso pesar, vosso adeus!
Vosso Amém! Vosso Amém! Amém!!!
Questionamentos básicos:
Você gosta de viado???
Não tem problema!!!
Você gosta de viado enrustido???
Não!!!
Você gosta de nego, amarelo, branco, vermelho???
Não!!!
Você gosta de nega, amarela, branca, vermelha???
Sim, ai uma neguinha!!!
Autor: Eduardo Gomes Data: 10/11/2023
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