As Dores do Mundo ( Arthur Schopenhauer )
Sentimos a dor, mas não a ausência da dor; sentimos a inquietação, mas não a ausência da inquietação; o temor, mas não a segurança. Sentimos o desejo e o anelo, como sentimos a fome e a sede; mas apenas satisfeitos, tudo acaba, assim como o bocado que, uma vez engolido, deixa de existir para a nossa sensação. Enquanto possuímos os três maiores bens da vida – saúde, mocidade e liberdade – não temos consciência deles, e só os apreciamos depois de os termos perdido, porque esses também são negativos. Só notamos os dias felizes da nossa vida passada depois de darem lugar aos dias de tristeza... À medida que os nossos prazeres aumentam, tornam-se cada vez mais insensíveis; o hábito já não é um prazer. Por isso mesmo a nossa faculdade de sofrer é a mais viva, todo hábito suprimido causa um sofrimento doloroso. As horas correm tanto mais rápidas quanto mais agradáveis são, tanto mais demoradas quanto mais tristes, porque o gozo não é positivo, mas sim a dor, cuja presença se faz sentir.”
Arthur Schopenhauer. As Dores do Mundo:
Autor: Eduardo Gomes Data: 27/09/2022
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