Tempo leproso no exílio
Sofrendo torturas psicológicas
Apagaram o meu sorriso
Numa prisão catastrófica.
Os “zumbis” tinham calor humano
Conversas sem nexo se escutava
Em um cativeiro profano,
Entre choros e gargalhadas.
Recebo o cigarro de uma “desorientada”
Com um belo sorriso de compaixão
A caneta de ouro do psiquiatra,
E o maldito descaso de atenção.
Agite no funk com as garotas!
Alegre seus corações sagrados!
Mente sã ou mente louca?
No hospital psiquiátrico.
Grito sons bizarros no gutural
“Em Roma como os romanos”
Hamlet acharia tão natural
Expressar a euforia em cânticos.
Na gira clandestina eu observo
Um pai de santo manipulador
Um grande teatro a céu aberto
Que ilude o ingênuo espectador.
Se salva uma vida do enforcamento
Não aguentou a abstinência do crack
Agradecido com um olhar sereno
Uma pequena lágrima invade sua face.
Uma disputa de Aldol com Fenergan
Testemunho crises intensas de raiva
Compulsivas injeções se tornam vãs,
Já sem espaço para aplicar nas nádegas.
Somos ratos de laboratório para estágio
Entrevistas exclusivas para estudantes
O tratamento em si é muito fraco
Cuide agora de meu ser delirante!
O sofrimento me fez crescer
Não me arrependo de nada
A experiência de viver
Nessa longa caminhada...
Tudo já deu certo!
Quer ler a Bíblia?
Um alívio de um verso
Nessa estadia tão sofrida.
Poema de Mauro Mantovai