Embaixo a escuridão
É fogo, irmão! É fogo, irmão!
Pois é, amigo, como se dizia antigamente, o buraco é mais embaixo... E você com todo o seu baú, vai ficar por lá na mais total solidão, pensando à beça que não levou nada do que juntou: só seu terno de cerimônia. Que fossa, hein, meu chapa, que fossa...
Você que não pára pra pensar. Que o tempo é curto e não pára de passar. Você vai ver um dia, que remorso!
Como é bom parar.
Ver um sol se pôr
Ou ver um sol raiar
E desligar, e desligar...
Mas você, que esperança... Bolsa, títulos, capital de giro, public relations (e tome gravata!), protocolos, comendas, caviar, champanhe (e tome gravata!), o amor sem paixão, o corpo sem alma, o pensamento sem espírito
(e tome gravata!) e lá um belo dia, o enfarte; ou, pior ainda, o psiquiatra...
Por cima uma laje
Embaixo a escuridão
É fogo, irmão! É fogo, irmão!
Poema e Música de Vinícius de Moraes