Poesias

GILKA MACHADO       Voltar   Imprimir   Enviar   Email

Incenso:

(À Olavo Bilac...)
 
Quando, dentro de um templo, a corola de prata
do turíbulo oscila e todo o ambiente incensa,
fica pairando no ar, intangível e densa,
uma escada espiral que aos poucos se desata.
 
Enquanto bamboleia essa escada e suspensa
paira, uma ânsia de céus o meu ser arrebata,
e por ela a subir numa fuga insensata,
vai minha alma ganhando o rumo azul da crença.
 
O turíbulo é uma ave a esvoaçar, quando em quando
arde o incenso ... Um rumor ondula, no ar se espalma,
sinto no meu olfato asas brancas roçando.
 
E, sempre que de um templo o largo umbral transponho,
logo o incenso me enleva e transporta minha alma
à presença de Deus na atmosfera do sonho.

Gilka Machado; do livro Cristais partidos (1915). In: MACHADO, Gilka. Poesias completas. Apres.

Eros Volúsia Machado. Rio de Janeiro: L. Christiano: FUNARJ, 1991, p.32.

Autor: Eduardo Gomes
Data: 21/02/2020

 

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