Poesias

TEXTOS D TERCEIROS 03       Voltar   Imprimir   Enviar   Email

A Revolta de Atlas ( Ayn Rand )

"O homem que sente desprezo por si mesmo tenta obter amor-próprio por meio de aventuras sexuais – o que é inútil, porque o sexo não é a causa, e sim o efeito e uma manifestação da imagem que um homem faz do próprio valor. Os homens que acham que a riqueza provém de recursos materiais e não tem nenhuma raiz nem significado intelectual são aqueles que pensam – pelo mesmo motivo – que o sexo é uma capacidade física que funciona independentemente da inteligência, da escolha ou dos valores do indivíduo. Eles pensam que o seu corpo cria um desejo e faz uma opção por eles. Mas, na verdade, a escolha sexual de um homem é o resultado e o somatório de suas convicções fundamentais. Diga-me o que um homem acha sexualmente atraente que lhe direi qual é toda a sua filosofia de vida. Mostre-me a mulher com quem ele dorme e lhe direi que imagem ele faz de si próprio. Independentemente das asneiras que lhe ensinaram a respeito do que a sexualidade tem de altruísta, o ato sexual é o mais profundamente egoísta de todos os atos, pois só pode ser realizado para o prazer de quem o pratica – imagine realizá-lo por espírito desinteressado de caridade! –, um ato que não é possível num clima de autodegradação, mas só de autoexaltação, somente quando se tem certeza de que se é desejado e merecedor do desejo. Observe o caos que é a vida sexual da maioria dos homens e repare no amontoado de contradições que constitui sua filosofia moral. Uma coisa deriva da outra. O amor é nossa resposta a nossos valores mais elevados e não pode ser outra coisa. O homem que corrompe seus próprios valores e a visão que tem de sua existência, que afirma que o amor não é o prazer que se tem consigo próprio, mas a renúncia, que a virtude consiste não em orgulho, mas em piedade, dor, fraqueza ou sacrifício, que o amor mais nobre nasce não da admiração, mas da caridade, que não é despertado por valores, mas por defeitos – esse homem se parte em dois. Seu corpo não lhe obedecerá, não reagirá da forma apropriada e o tornará impotente em relação à mulher que ele afirma amar, impelindo-o para a prostituta mais abjeta que puder encontrar. Seu corpo sempre obedecerá à lógica profunda de suas convicções mais íntimas. Se ele acredita que os defeitos são valores, ele amaldiçoa a existência e a rotula de mal, e apenas o mal o atrai. Ele se amaldiçoa a si próprio e sentirá que a depravação é a única coisa capaz de lhe inspirar prazer. Ele associa a virtude à dor e sente que o vício é a única fonte de prazer. Então vocifera que seu corpo tem desejos abjetos que sua mente não consegue dominar, que o sexo é pecado, que o verdadeiro amor é uma emoção puramente espiritual. E então ele não entende por que o amor só lhe provoca tédio, e a sexualidade, apenas vergonha.

A Revolta de Atlas (Ayn Rand)

Autor: Eduardo Gomes
Data: 21/11/2019

 

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