Queria te falar, te encontrar
na doçura d’um jeito
ou d’um trejeito,
ou mesmo de um olhar
para sentir o que sentem
os que dizem amar.
Se lamentava a saudade
no suspiro do luar…
Olhou-me e viu-me criança
nos braços de minha mãe
e logo após a infância
e adolescência também...
Parecia-me até ser ela,
ela quem vê mais além,
ela que o destino traz
vestido de dor sem paz!...
Nesse espelho se mirava
era eu quem ela olhava
e vislumbro na saudade
tempos idos,
exauridos.
No abraço que me aperta,
no sorriso que liberta
uma mão como uma oferta.
E depois…
Abandono e solidão
medo da vida que passa,
do bater do coração,
do compasso d’uma dança
d’um beijo de uma emoção…
D’uma noite sem fim
e as tábuas de um caixão…
Abracei-a no abraço
desta breve comunhão
e sentada no degrau
de tamanha imensidão,
me beijou a saudade
no berço da memoria
e sem demora
me fala de minha história.
Sou eu a quem chamam saudade
e triste assim eu vivo,
como um fado abandonado,
um fardo triste e pesado,
de tanta história chorada
que caminho apedrejada
nas lágrimas do destino!
Sou a saudade da dor
mas também a do amor…
Sou a memória da história
sou livro na tua mão
palavras de gratidão…
Vagueio assim por aí
de saudade sou vestida
por vezes de luto ferida
outras de festa sorrio,
sabendo que o tempo vem
sem falar nada a ninguém!
E de lágrimas canto agora
pra que enfim me chegue a hora!
Mostra-me que saudade não chora
que a saudade é amor
que seja saudade ou não,
e sempre posso em tua mão
descansar um pouco a dor.
Mergulho em ti saudade!
Que o tempo não tem idade
nem dores na eternidade….
Isabel Maria Miranda
Maribel
Sion,26-10-2019