Distante, pelo mar côr de safira,
traçando à tona d´agua uma aquarela,
gaivotas vêm seguindo um barco a vela...
Na serra, do marujo o canto expira...
E aqui, e ali, na várzea romanesca,
salta o alegre rebanho; um cysne preto
ondula da corrente a veia fresca.
Traça ao longe, um pintor esse esbocêto,
e a subir pela encosta pittoresco,
eu, descuidada, escrevo este soneto.
Inter Dolores
Condóe-me o teu sofrer, ó pobre desvalida,
o pranto que te orvalha a face descorada,
o teu inmenso amor e a honra profanada
provam a ingratidão de um´alma corrompida.
Seduziu-te um bandido, e a tua honesta vida
agora é um tributo à sorte malfadada.
Acerca-te a doença; e, quasi abandonada,
ao sacrificio impõe-te a luta desabrida.
Flôr tão nova e vergada ao peso da tortura,
como cahiste assim, no lodaçal profundo!...
E quem dirá que, ainda, em tua desventuraaaaa,
amas a esse monstro, e ocultas tanto ao mundo
a mingua que te leva o filho à sepultura,
emquanto a dôr de mãe te vara o peito a fundo?!
Sonetos de Ibrantina Froidevaux