Trechos de Chico (Francisco Gomes)
Não te rias de quem sofre
E passa vida mesquinha.
- Lembra-te que a própria morte,
Até de Reis – é Rainha...
Á saudosa memória de Margarida, aos nossos filhos e netos
Ronda dos desenganados
Quanta volúpia em teus beijos,
Quanto ardor em teus abraços...
- E mortos já meus desejos,
E já sem força meus braços...
BACANAL
Quem morde na minha boca
E logo me chama louca!...
Quem levanta o meu vestido
E logo num desvario,
Me arremessa no chão!...
CANTO DO CISNE
“O seu perfume suave e quente,
Era como um convite de amor ardente,
Aos viandantes cansados...”
...Mas os sorrisos
Dos grandes cavaleiros pensativos,
Logo lhes morriam nos lábios...
OS VISIONÁRIOS
...De longe vieram os pintores,
De longas cabeleiras e gestos nervosos,
Para o retrato imortal,
- Depois os poetas,
De faces cadavéricas e o olhar em delírio,
Entoaram os seus cantos de amor...
...Os pintores quebraram os seus pinceis
E dispersaram no pó,
As tintas imaculadas...
...E os poetas recolheram ao silencio augusto
As arpas ultrajadas,
E disseram ali à “fonte”,
Que não “chorasse” mais...
...E de braço dado,
Entraram na taverna, bruscamente...
Poesias de Francisco Gomes (Vô Chico)
Autor: Eduardo Gomes Data: 04/01/2018
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