Banho de rosas brancas ( Rosângela Aliberti )
I Não se iluda há muito... mais muito chão para formular bons versos canções para arrepiar as tumbas e os véus muita água nas cascatas muito musgo verde deslizando numa só pedra
nos caminhos áridos bocas rezam por gotas de chuva uma esponja enorme estanca a sede
o vento agridoce assobia na serra na mata virgem lenha queimando... os pecados ilusórios na aldeia muitas lágrimas... pouca festa... muita fumaça...
Não se iluda... peixes de água-doce não sobrevivem no mar peixes de rio não respiram na água com sal peixes sem alimento bóiam estagnados nos aquários... sem movimento
II
Na seqüência do filme calafrios um saco de gatos e dois ratos entre jogos incansáveis gatos caçam ratos um dos ratos tropeça na sombra do irmão
III
Dois mundos numa só pele o ar dos falsos marfins são duros de roer
roe a pele... no campo... revirando as ossadas dos mortos os dentes sorriem... dos odores da vida a flor da pele arranha a dor dos ossos do ofício o som pode ser desesperador sob pontos de vista a pele reflete tranqüilidade
a dureza do osso a suavidade da pele a pele quente recheando os ossos ossos frios... ocos está frio? ou estará quente? não é fácil encontrar o ponto morno no amor
Um bom banho de rosas brancas sobre a pele desfazendo o suor salmoura da saudade impulsionando o brilho cristal na mente
IV
Não se iluda formigas trabalham o ano inteiro as cigarras... nasceram para cantar até arrebentar
por incrível que pareça entre o bucólico e o urbano existirá sempre o ameno
Poema de Rosângela Aliberti, São Paulo, 25.X.05
www.rosangelaliberti.recantodasletras.com.br
Autor: Eduardo Gomes Data: 26/10/2005
|