Treva e Luz!
Neste pélago escuro em que te afundas, Longe das sombras aurorais e amadas, Sentes o peito em ânsias revoltadas, Diluis teu peito em sensações profundas.
Mas, eis que emerges, luminosa, às fundas Águas do mar das glórias obumbradas, E, ante o branco estendal das madrugadas, Nua, em banho ideal de amor te inundas.
Agora, à luz das alvoradas santas Ungem-te o corpo redolências tantas, Que, ao ver-te nua, o Mundo se concentre,
E a lua, a Virgem Mãe dos céus escampos, Que beija a terra e que abençoa os campos, Beije-te o seio e te abençoe o ventre!
Soneto de Augusto dos Anjos.
Autor: Eduardo Gomes Data: 18/10/2005
|