Soneto I ( Luís de Camões )
De tão divino acento e voz humana, de tão doces palavras peregrinas, bem sei que minhas obras não são dinas, que o rudo engenho meu me desengana.
Mas de vossos escritos corre e mana licor que vence as águas cabalinas; e convosco do Tejo as flores finas farão enveja à cópia mantuana.
E pois, a vós de si não sendo avaras, as filhas de Mnemósine fermosa partes dadas vos tem, ao mundo caras,
a minha Musa e a vossa tão famosa, ambas posso chamar ao mundo raras: a vossa d'alta, a minha d'envejosa.
Soneto de Luís de Camões.
Autor: Eduardo Gomes Data: 18/10/2005
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