Soneto I!
O Templo da Descrença – ei-lo que avisto. A [ imensa Cruz da Dor está serena como um lírio! E vejo o pedestal que sustenta o Martírio; E vejo o pedestal que sustenta a Descrença!
A colunata êxul do Sonho Morto – o círio Da Quimera Falaz, o túmulo da Crença, Tudo! Até o altar onde a Angústia vibra intensa N’uma fúria assombral de feras em delírio!
Penetro louco enfim o abismo funerário, E a rasgar, a rasgar, o lúrido sacrário, Em mim como no Templo a Angústia se [ condensa,
E em mim como no Templo, urnas de Sonho; [ e, em bando, Flores mortas da Aurora, e, eu sombrio chorando Ante a imagem fatal do Sepulcro da Crença!
Soneto de Augusto dos Anjos.
Autor: Eduardo Gomes Data: 18/10/2005
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