Lirial!
Por que choras assim, tristonho lírio, Se eu sou o orvalho eterno que te chora, P’ra que pendes o cálice que enflora Teu seio branco do palor do círio?!
Baixa a mim, irmã pálida da Aurora, Estrela esmaecida do Martírio; Envolto da tristeza no delírio, Deixa beijar-te a face que descora!
Fosses antes a rosa purpurina E eu beijaria a pétala divina Da rosa onde não pousa a desventura.
Ai! que ao menos talvez na vida escassa Não chorasses à sombra da desgraça, Para eu sorrir à sombra da ventura!
Soneto de Augusto dos Anjos.
Autor: Eduardo Gomes Data: 18/10/2005
|